A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o registro de medicamento inédito indicado para pacientes adultos com dermatite atópica moderada a grave, quando a doença não é controlada adequadamente com as terapias tópicas ou quando essas terapias não são aconselháveis.
Por meio de alguns escores, que levam em conta a extensão e a gravidade das lesões, bem como o impacto físico e social, o profissional pode definir se a enfermidade é leve, moderada ou grave. É com base nisso que se determina o plano de ação.
De acordo com a dermatologista Ana Mósca, da Sociedade Brasileira de Dermatologia, uma palavra-chave vai aparecer e persistir a despeito do tratamento: hidratação. “A pessoa com dermatite tem de entender que, para ela, hidratar a pele precisa virar um hábito como escovar os dentes”, compara.
Sim, falamos de passar a loção prescrita (em geral, sem perfume) pelo menos 3 vezes ao dia — e sempre depois do banho. “O banho, aliás, deve ser morno e mais rápido, de preferência com sabonetes sintéticos suaves, como aqueles de recém-nascido”, orienta Ana.
Mas o tratamento, especialmente diante das crises, vai além das tão importantes medidas comportamentais. Nos quadros mais brandos, os médicos tendem a se concentrar em cremes ou pomadas para remediar a pele.
“Além de hidratar, a ideia é controlar o prurido e minimizar a inflamação no local”. Para tanto, são recrutados produtos à base de corticoides, cuja potência varia, ou os imunomoduladores, que inibem um ramo do sistema imune envolvido na história.
Os casos mais graves – e o novo remédio
Nas situações mais complicadas, é preciso partir para um tratamento também sistêmico — ou seja, comprimidos que vão ajudar, numa escala ainda maior, a apagar o incêndio inflamatório.
Desse arsenal fazem parte os corticoides orais, que demandam acompanhamento médico de perto devido aos efeitos colaterais, e os imunossupressores, que acalmam os ânimos das células de defesa desordeiras mas também inspiram cuidado. “Em um estudo recente que fizemos com nossos pacientes, 38% dos tratados com imunossupressores tiveram reações adversas, como pressão alta”, revela a alergista Ariana Yang, coordenadora do Ambulatório de Dermatite Atópica do Hospital das Clínicas de São Paulo.
Diante desse contexto, e considerando que há pessoas que não respondem bem a nenhuma das intervenções, uma promessa se concretizou. Já aprovado nos Estados Unidos e na Europa para adultos com o problema em grau moderado ou grave, foi liberado no Brasil o primeiro anticorpo monoclonal contra a dermatite atópica, o Dupixent (dupilumabe).
“O medicamento é uma injeção subcutânea que pode ser aplicada pelo paciente ou pelo profissional de saúde a cada duas semanas”, explica Suely Goldflus, gerente médica da Sanofi, um dos laboratórios responsáveis pela novidade. “O remédio corta o principal mecanismo inflamatório da doença e tem um tempo de resposta mais rápido”, comenta Ariana.
A ideia é que, aliada a outras medidas, a terapia silencie de maneira sustentada uma condição que incomoda a pele e a alma. E, se depender dos avanços da ciência, dá pra dizer que reforços de peso virão se somar ao dupilumabe, inclusive pomadas biológicas de última geração. Com medicina de ponta e a consciência do autocuidado, bons tempos virão! Compartilhe!
Fonte: Saúde Abril
Minha Vida