Os meniscos são estruturas em formato de “C” essenciais para a biomecânica do joelho, agindo como lubrificadores, estabilizadores, amortecedores e distribuidores de carga dentro da articulação. Possuímos dois meniscos: um interno, maior e menos móvel, denominado medial e um externo, menor e mais móvel, denominado menisco externo.
As lesões meniscais classificam-se em dois grupos: as traumáticas agudas, típicas de atletas jovens, onde entorse do joelho é o grande vilão e as degenerativas, mais comuns após os 40 anos de idade, sendo o micro-trauma de repetição de cargas cíclicas de esportes, como a corrida e o ciclismo, o mecanismo básico causador da lesão.
Exemplos clássicos do primeiro tipo são o lutador de jiu jitsu que acaba jogando muito torque no joelho em flexão máxima durante a passagem de guarda ou uma bailarina que acaba se desequilibrando durante uma aterrissagem, enquanto que a corrida de rua é o exemplo clássico da lesão degenerativa, onde o nosso “amortecedor” acaba se envelhecendo e se desgastando.
Sintomas
As lesões meniscais causam sintomas característicos como dor bem localizada com períodos de alívio e agravo a determinados movimentos como agachar e cruzar as pernas, inchaço, e bloqueio (travamento). Em corredores, são comuns queixas de dor durante ou após o treino, muitas vezes levando à redução do volume deste.
Quando associado à inflamação da membrana que envolve o joelho, pode haver aumento do volume do líquido sinovial ocasionando o que chamamos de derrame articular (popular água no joelho).
Em alguns raros casos, a dor melhora espontaneamente. Infelizmente, os sintomas obrigam à redução do volume do treino e limitam algumas atividades do dia a dia como agachar, dirigir e caminhar. Acredita-se, hoje, que isso se deva não só à lesão meniscal em si, mas pela sobrecarga do osso logo abaixo do menisco (osso subcondral), fenômeno denominado de edema ósseo.
Tratamento
Até a última década, o tratamento da lesão meniscal degenerativa envolvia apenas o acompanhamento clínico e a utilização de recursos analgésicos da fisioterapia. A grande maioria dos colegas ortopedistas orientava que o paciente abandonasse o esporte e, se mesmo assim se mantivesse sintomático, era indicada a meniscectomia (retirada de parte do menisco).
Apesar de ter a indicação formal e, de trazer alívio de sintomas para uma população pouco ativa, este procedimento em atletas com idade superior a 45 anos de idade está estatisticamente ligado ao agravo do edema ósseo, principalmente nas mulheres, causando agravo da dor. Por isso, atualmente este procedimento é considerado por muitos autores como o último recurso.
O que há de novo no tratamento destas lesões?
Quando há queda do rendimento e a dor está ligada à perda de massa muscular, pode-se optar pela viscossuplementação. Trata-se de um método de tratamento relativamente novo e consiste nas injeções intra-articulares de ácido hialurônico que é o mesmo componente que já existe no líquido sinovial de uma articulação saudável.
Autores defendem seu uso em lesões meniscais degenerativas, já que durante o processo de envelhecimento da articulação o líquido sinovial perde sua capacidade funcional, devido à idade e ao processo de artrose. Portanto, o uso dessas injeções de ácido hialurônico exógeno desaceleraria a degeneração. O alívio dos sintomas facilitaria no ganho de massa muscular e retorno ao esporte.
O aprimoramento das técnicas de vídeo-artroscopia e o melhor conhecimento das lesões degenerativas levaram a uma técnica relativamente nova chamada viscossuplementação. Sua criação baseia-se no princípio de que um menisco degenerado está quase sempre extruso (fora de seu local de origem). A técnica visa, portanto, fixar a raiz do menisco (região mais periférica), puxando sua raiz contra a tíbia no mesmo lugar onde estava antes de sua lesão.
Por fim, uma alternativa promissora denominada subcondroplastia foi recentemente desenvolvida visando o preenchimento da área de edema ósseo abaixo da lesão meniscal.
Apesar da técnica ter sido criada para o tratamento de lesões cartilaginosas, os excelentes resultados preliminares encorajaram alguns autores a aplicar em lesões meniscais degenerativas, visando melhoria do aporte ósseo e consequente alívio de sintomas.
O procedimento tem registro na ANVISA e é realizado com o paciente anestesiado, com instrumental próprio minimamente invasivo e sob auxílio de radioscopia dinâmica.
Assim como em outras áreas, a ortopedia desportiva passa por pesquisas revolucionárias visando preservar estas estruturas nobres denominadas meniscos e manter os “quarentões” em suas práticas esportivas.
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Fonte: Eu Atleta Texto escrito por Adriano Leonardi, médico do esporte e ortopedista especialista em traumatologia do esporte e cirurgia do joelho. Membro da diretoria da Sociedade Paulista de Medicina Desportiva (SPAMDE)